Depois de Guerra Infinita e Ultimato, ficou a impressão de que todas as produções do MCU carregam a responsabilidade de ‘estar à altura’ ou já nascem sendo questionadas e tendo que ‘levar a algum lugar’. E vai além dos filmes, pois foi assim com WandaVision. Isso acaba afastando alguns espectadores que, preconceituosamente, pensam: ‘nada vai superar’. E provavelmente não vai mesmo. Mas precisa?
Eu, particularmente, curto tudo de super-heróis, Marvel/DC ou qualquer outro universo. Alguns muito, outros menos, mas me divirto com tudo. Então já estava muuto empolgado para Falcão e o Soldado Invernal, até mesmo porque Capitão América: Soldado Invernal é um dos melhores filmes desse universo pra mim.
Contudo, como dito no primeiro parágrafo, tudo no MCU agora já tem muita responsabilidade/obrigação antes de ser lançado, e nesse caso, ainda vinha após a excelente WandaVision, que conseguiu superar as expectativas e abriu um novo leque de opções nesse universo. Mas eu tinha certeza que a série não decepcionaria. E não decepcionou mesmo, muito pelo contrário, eu diria.

Falcão e o Soldado Invernal reforçou a ideia lançada em WV de dar mais espaço para persoagens até então menores ou coadjuvantes. Além dos protagonistas do título, temos a volta do Barão Zemo e Sharon Carter, por exemplo, além de outros que não contarei para não estragar a experiência de quem ainda não assistiu. Todos com bastante destaque e bom desenvolvimento de suas tramas. Especialmente Zemo, que é um ótimo personagem e deu muito espaço para o ator mostrar todo seu talento. Certeza que ainda veremos mais coisas boas de ambos por aí.
Outro personagem muito interessante, esse novo, foi John Walker, que após Sam Wilson entregar o escudo ao governo assume o manto de Capitão América oficialmente. O personagem é sim interessante, mas a interpretação do ator Wyatt Russell foi tão boa, que alguns espectadores mais exaltados (pra não dizer idiotas mesmo) jogaram hate pra cima do ator que acabou se isolando de vez das redes sociais.
Em se tratando desse núcleo da ‘turma do Capitão do América’, já era de se esperar que tivéssemos ótimas cenas de ação, com explosões, tiros, belas coreografias de luta e tramas de espionagem/investigação bem elaboradas. Nesse quesito, expectativas atendidas.

O que surpreendeu e deixou os leitores de HQs do Capitão muito satisfeitos, foram as questões sociais. A ideia dos Apátridas é ótima e traça um paralelo muito pertinente e importante com os imigrantes no mundo real. A questão racial com o próprio Sam e sua família, e especialmente com Isaiah Bradley, é outro assunto essencial de ser mostrado como foi nesse momento onde o movimento Black Lives Matter tem ganhado força. Mais um ponto positivo na produção.
Sobre as tramas pessoais tanto de Sam quanto de Bucky, ambas são bem exploradas, mas pra mim, a de Bucky é mais profunda, ou pelo menos me cativou mais. Ver como uma pessoa que teve a mente manipulada durante décadas e hoje está livre disso mas sempre vai carregar na memória esses traumas, tendo que lidar com o peso de suas ações na vida de outros, é bem intenso. A atuação de Sebastian Stan está bem convincente nesse sentido. E quando vemos a leveza das cenas entre os dois protagonistas, fica claro o talento de ambos para lidar bem com essas nuances dos personagens.

Ainda sobre os Apátridas e sobre como as séries do Disney+ expandem de forma muito interessante o MCU, podemos ver nessa série que a Marvel está muito preocupada com continuidade e dá a devida importância a todo e qualquer acontecimento nesse universo. E algo literalmente gigantesco como o Blip não pode ficar apenas no campo da fantasia e pode (e deve) ser mais explorado. Aqui, vemos como os eventos de Guerra Infinita e Ultimato afetaram a sociedade mundial, que estragos causou na economia, nas relações políticas e na vida da população comum. Achei excelente só o fato de esse assunto ter sido posto na mesa, e mais ainda a forma como ele foi tratado.
Daqui pra frente podem haver spoilers mais sensíveis, além do que já foi visto em trailers e sinopses. Então se você ainda não assistiu e quer uma experiência mais pura, pode encerrar por aqui. Se já assistiu ou não se importa com isso, pode continuar.
No último episódio, os fãs são presenteados com a transformação definitiva de Sam em Capitão América. Seu traje está incrivelmente fiel ao das HQs.
O melhor momento da série é quando ele conversa com os políticos e fala sobre todas as importantes questões sociais que a série levanta e que precisam ser discutidas e tratadas na vida real. É forte, impactante, necessário e muito didático para quem ainda não entende. Achei importante, inclusive, para as crianças/adolescentes que ainda estão formando seu caráter e opinião sobre essas questões. Outro ponto positivo da série e que é um dos maiores motores desse núcleo nos quadrinhos.
Diferente de WV, essa série não deu tanta margem pra especulações e teorias. Até o último episódio, pelo menos. Pois ele deixa várias brechas para essas especulações: o que vai ser do Zemo? Será que ele vai fazer parte dos Thunderbolts? E o Agente Americano (aliás, com um uniforme extremamente fiel também), vai participar dessa equipe? Sharon Carter virou mesmo uma personagem cinza, não exatamente uma vilã mas definitivamente não uma mocinha? Particularmente, acho que na cena pós-créditos a personagem que vimos é uma Skrull. Invasão Secreta está chegando e sabemos que há Skrulls entre nós o tempo todo, fingindo serem pessoas que conhecemos e que, na hora certa, se revelarão e colocarão em prática seu plano de dominação.
Ainda tivemos aquele personagem que explodiu o carro com os supersoldados que ia pra Balsa, a tal Val que está comandando alguma organização (pra mim os Thunderbolts), a pessoa com quem Sharon fala ao telefone no fim da série, a introdução do neto do Isaiah (que deve participar de uma equipe de ‘Jovens Vingadores’)… Tem ainda muita coisa pra acontecer. E provavelmente veremos algumas dessas respostas apenas em Capitão América 4 (já confirmado e com os mesmos roteiristas da série) e outras ao longo dessa nova fase, em outras séries e filmes.
De toda forma, Falcão e o Soldado Invernal foi uma excelente série, totalmente diferente de sua predecessora no Disney+ e que expandiu o MCU para outro lado de forma muito competente. Agora é aguardar pela próxima produção que também será, certamente, deliciosa: Loki. Afinal, é como diz aquele ditado: ‘In Kevin Feige we trust’.
[…] ao Emmy, tá passada?) e o não tão barulhento, mas de qualidade igualmente alta, Falcão e o Soldado Invernal, parecia difícil manter o nível ou surpreender de alguma forma. Novamente, expectativas […]
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