Crítica | Coração de Ferro

A Marvel resolveu encerrar a Fase 5 no Disney+ com uma aposta ousada: Coração de Ferro. E olha, eu já adianto — vale dar uma chance. Dominique Thorne volta como Riri Williams, aquela mente brilhante que a gente conheceu em Wakanda Para Sempre. Mas aqui a história é diferente: a série não tenta repetir o que já vimos no MCU, e sim mostrar que Riri tem personalidade própria pra segurar uma história sozinha.

De volta a Chicago, Riri precisa lidar com os desafios de ser uma jovem inventora genial, enquanto enfrenta Parker Robbins, o Capuz, vivido pelo carismático Anthony Ramos. O choque é interessante: de um lado, tecnologia de ponta; do outro, magia sombria. É aquele tipo de ideia que pode parecer improvável no papel, mas funciona na tela.

A produção tem a mão de Ryan Coogler (o cara que por trás de Pantera Negra), e isso já garante uma certa confiança. Porém, devo admitir que não dá pra ver tanto da assinatura de Coogler. Talvez só umas sugestões aqui e ali.

O visual tem aquele estilo mais urbano, moderno, e a trilha sonora ajuda a dar identidade à série. Não é só mais uma história de super-herói — Coração de Ferro tem alma, tem frescor e tem um olhar diferente pro gênero.

Claro que, como tudo da Marvel, as opiniões se dividiram. Teve gente achando a narrativa lenta em alguns momentos ou esperando uma grandiosidade que não aparece. Sinceramente? Isso não estraga a experiência. O ritmo mais tranquilo dá espaço pra gente mergulhar em Riri, entender suas motivações e torcer por ela. E depois de alguns plots apressados e multiverso pra todo lado, não faz mal nenhum ter uma série que respira.

Um dos pontos mais interessantes da série é como ela coloca magia e tecnologia pra brigar — e às vezes até pra se completar. O Capuz chega trazendo feitiçaria pesada, aquele tipo de poder que não dá pra medir com lógica ou ciência, enquanto Riri aposta tudo na genialidade e na precisão das suas invenções. No fim, a série mostra que tanto magia quanto ciência são ferramentas — e o que importa mesmo é quem está no controle delas.

Inclusive, sem querer dar muito spoiler, mas na reta final da série, um personagem místico muito importante no universo Marvel finalmente dá as caras, depois de muito ser cogitado e pedido em outras produções. Justamente agora, quando ninguém esperava mais. E, na minha opinião, foi surpreendentemente bem encaixada, além de definitivamente bem interpretado.

Riri não é só genialidade e confiança. A história mergulha no trauma da perda da sua melhor amiga, uma ferida que nunca cicatrizou de verdade e que influencia cada passo que ela dá. Esse luto é o combustível da sua determinação em proteger os outros. Riri é uma protagonista que carrega a dor, mas a transforma em propósito.

O grande trunfo de Coração de Ferro é transformar Riri em mais do que “a nova Homem de Ferro”. Ela é brilhante, falha, teimosa e incrivelmente humana. E é isso que a torna tão interessante. Além disso, ver uma jovem negra e nerd ocupando o centro do MCU é um marco que precisa ser celebrado. É representatividade, mas também é puro entretenimento. A propósito, tem espaço para ainda mais representatividade no elenco, com personagens LGBTQA+.

Se o que você quer é uma história com bastante fantasia, mas ao mesmo tempo um boa dose de pé no chão e, principalmente, cheia de coração (sim, o trocadilho é intencional), Coração de Ferro é uma grata surpresa quando quase ninguém botava fé.

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