Recomendação | Barry (série)

Barry é uma dramédia que estreou em 2018 na HBO e se encerrou em 2023 de forma espetacular, mas que muita gente deixou passar ou sequer sabe que existe. Estou aqui para espalhar a palavra e não deixar que você seja um desses.

O protagonista e mente (perturbarda e genial) por trás da série é o, até então, comediante Bill Hader que fez bastante sucesso no Saturday Night Live. Ele criou, escreveu e até dirigiu alguns episódios de uma série que te prende do início ao fim com uma narrativa super ágil e cheia de reviravoltas.

A história gira em torno de Barry Berkman, que é um assassino de aluguel em Cleveland. Ele recebe uma missão em Los Angeles para eliminar um alvo específico. Lá, ele meio que acidentalmente acaba se envolvendo em aulas de teatro com o ex(?) ator Gene Cousineau (Henry Winkler).

No meio desse ambiente inesperado, ele conhece um monte de gente legal, como a aspirante a atriz Sally Reed (Sarah Goldberg), que o fazem repensar toda a sua vida até então.

Ele acaba se tornando meio que um mestre da vida dupla. Ninguém naquela cidade tem a menor pista desse segredo, já que ele parece ser muito certinho e até meio desengonçado. A mistura desses dois mundos cria um enredo super envolvente.

Quando Barry tem que equilibrar sua paixão pelos palcos com seu lado assassino (para qual também tem muito talento), tudo fica ainda mais divertido. Quando seu passado insisite em fazer parte do seu presente, conflitos começam a se amontoar e com eles vêm algumas reviravoltas.

É óbvio que as ações do Barry como assassino não são brincadeira. Cada passo que ele dá nesse caminho tem um preço, e as consequências vão se acumulando ao longo dos episódios. Não só na cabeça dele, psicologicamente falando, mas também em decisões que ele precisa segurar firme.

Desde o primeiro episódio, Barry vem arrancando elogios pra lá de merecidos da crítica especializada. A abordagem super inovadora da série, lidando com situações complicadas de um jeito criativo é o que nos prende.

E para quem presta atenção em aspectos técnicos como fotografia, edição e trilha sonora, a série também é impecável entregando muito, outra coisa que chamou a atenção da crítica. Mas se você não consegue perceber esses aspectos, melhor ainda, pois você simplesmente vai ser envolto por eles e imergir ainda mais na trama.

Em determinado momento, eu senti que estava vendo um tipo de Breaking Bad invertido, já que aqui o protagonista meio que começa ‘mau’ e vai tentando se redimir ao longo da série. A grande diferença mesmo está em como os roteiristas conseguem misturar tragédia e comédia de uma forma que deixa todo mundo de queixo caído, enquanto em BB apenas a tragédia vai escalando cada vez mais. Aqui há um perfeito equilíbrio entre esses dois gêneros.

A cereja do bolo, claro, são as atuações do elenco principal. Todos arrasam muito! Alguns demoram mais pra mostrar a que vieram, inclusive o próprio protagonista. Ele parece meio que ter a mesma cara sempre no início. Não sei se o ator foi melhorando com o tempo ou o personagem que não tinha expressão mesmo, era mais duro. As dezenas de indicações para os Emmy Awards foram todas muito merecidas.

Na reta final, mais precisamente na última temporada, a série dá uma guinada que pode ser que desagrade muita gente. Ela muda muito e por muitas vezes você pode pensar ‘ela deveria ter acabado na temporada anterior’. Mas acredite, ela se redime. Aquilo ali que você está vendo e parece ser um triste fim pra série, na verdade faz muito sentido dentro da jornada daqueles personagens.

E eu diria que é mais um diferencial da série: ela tem uma temporada inteira, a sua última, como praticamente um epílogo. E um fim, de fato, poético. Daqueles que te surpreendem, podendo te fazer odiar ou amar, e até mudar de opinião com o tempo.

Pra quem quer uma narrativa brilhante, repleta de reviravoltas e performances espetaculares, Barry é uma pérola imperdível. Bill Hader foi genial em sua criação e lidera um elenco fenomenal, que transcende os limites tradicionais ao mesclar com maestria elementos de tragédia e comédia. As consequências das ações do protagonista não apenas acrescentam camadas profundas à trama, mas também desencadeiam uma jornada emocionante de redescoberta e autoconhecimento.

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