Silo, da Apple TV+, é uma série que pode ser claustrofóbica para alguns. Imagine um mundo meticulosamente construído todo no subterrâneo. Os últimos milhares de sobreviventes da Terra vivem confinados em um enorme silo autossustentável, esperando que o planeta se recupere de algum desastre tóxico. Ninguém sabe quando isso vai acontecer ou quem construiu o silo, já que uma rebelião no passado apagou toda essa história.

O design de produção impressiona ao criar um ambiente que mistura arquitetura soviética com vibes de steampunk medieval. O silo em si é praticamente um personagem, com suas fazendas hidropônicas, centros médicos e todo tipo de desordem que só poderia surgir em um cofre humano selado por tanto tempo.
A história é impactante, com um enredo que vai se des?enrolando a cada cena e te prende até o último segundo. Na reta final então, é quase sufocante.
Tudo começa quando conhecemos o xerife Becker (David Oyelowo), responsável, junto com a prefeita Ruth (Geraldine James), por manter a paz e a ordem dentro do silo.
Becker expressa seu desejo de sair do silo. Em um mundo onde essa frase é praticamente uma sentença de morte, não tem volta: quem fala essas palavras é condenado a enfrentar o mundo lá fora, que, pelas imagens da devastação transmitidas para os habitantes, significa morte certa. As leis rígidas foram estabelecidas pelos misteriosos Fundadores e são aplicadas com mão de ferro pelo departamento judicial.
A história então dá um salto de três anos para trás, mostrando Becker em um momento mais feliz, casado com Allison (Rashida Jones). O casal acaba de receber permissão para tentar ter um bebê, um privilégio raro em um mundo onde o controle populacional é rigoroso. Mas tudo muda quando Allison é atraída por um tipo de teoria da conspiração.

Um dia, um programador revela a Allison uma relíquia — um pedaço de tecnologia dos Tempos Antigos — que sugere que tudo o que eles sabem pode ser uma grande mentira. A partir daí, Allison toma uma atitude drástica que acaba inspirando Becker.
O roteiro bem construído, junto com as performances incríveis de Jones e Oyelowo, fazem com que a separação e os sacrifícios do casal sejam realmente dolorosos de assistir. Sempre que a série parece seguir o caminho previsível de suspense de conspiração, os Beckers trazem tudo de volta à realidade, e suas cenas finais são verdadeiramente emocionantes.
Depois dessa explicação sobre o casal Becker, o foco muda para Juliette (Rebecca Ferguson), a engenheira responsável por manter a fornalha que alimenta todo o silo. Aos poucos, através de flashbacks, vamos descobrindo como ela começou a questionar quem está no comando. Afinal, por que contrabandear “relíquias” é um crime? E por que falar sobre o passado é proibido?
Conforme Juliette segue as pistas deixadas por outros, a trama fica cada vez mais intrincada, mas sem perder o fio da meada. Se você tem trauma de séries que prometem muito e entregam pouco, não se preocupe. Esta mantém o foco da história no lugar certo, revelando os segredos e as histórias dos personagens de forma gradual, mas bem satisfatória.

Silo pode ser interpretada de várias formas. A série funciona como uma crítica ao sistema de classes, onde os trabalhadores do “Deep Down” são desprezados pelos que vivem nos níveis superiores, mesmo sendo suas habilidades que mantêm todos vivos. Também explora o apagamento da história e quem tem o poder de escrevê-la ou reescrevê-la.
Além disso, aborda as vantagens e desvantagens da verdade versus viver em negação, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade (alguém disse Matrix?). Mas, acima de tudo, é uma história muito bem feita, que constrói personagens complexos e oferece pistas gradualmente.
Pode ser um pouco lenta para quem gosta de ação o tempo todo, mas quem curte um drama distópico bem detalhado vai adorar cada minuto. É aquele tipo de série que recompensa quem tem paciência, e com certeza vai deixar os fãs do gênero animados.
[…] acaba ficando fora do radar da maioria das pessoas, especialmente aqui no Brasil. Pois séries como Silo, Ted Lasso e agora Ruptura acabaram recebendo mais holofotes. No entanto, The Morning Show não. É […]
CurtirCurtir