No último sábado, 10 de Julho, aconteceu a final da Copa América 2021. Foi realizada no Brasil em decisão tomada em cima da hora após a recusa de Colômbia (envolvida em sérios conflitos internos, beirando a uma guerra civil) e da Argentina (que ainda está se recuperando da pandemia).
O Brasil, se não pior, no mínimo em situação parecida, não titubeou em permitir que acontecesse aqui. Talvez até tenha feito questão de que o fosse. Nada além de politicagem e certamente uma boa quantia de dinheiro envolvido.
Antes da realização do evento, jogadores e comissão técnica brasileira ensaiaram um protesto. Não queriam jogar, achavam injusto com os mais de 500 mil mortos no país em decorrência do Covid e outros milhares ainda em difícil situação, seja de saúde física, mental ou financeira.
Contudo, diante de ameaças da CONMEBOL, outra que não tá nem aí pros humanos e só pensa nos lucros, a seleção acabou jogando a competição. Nada surpreendente vindo de jogadores que posam de engajados, mas simplesmente se recusam a jogar com a camisa 24, sendo a única equipe do mundo com essa idiotisse, se repetindo até em clubes, onde normalmente só quem joga com esse número são estrangeiros que ou não sabem da homofobia que o ronda, ou apenas não se importam com tamanha infantilidade e fragilidade.
Por conta dessa mesma politicagem, o treinador da seleção que já não contava com tanto apoio popular, virou inimigo número um dos Minions do governo. Rapidamente se tornou horroroso, quando até então era, no máximo, divisivo. Isso porque quando entrou há uns anos atrás era unanimidade em aprovação.
Pra concluir a contextualização, Neymar, o maior astro da seleção, não tem sido unanimidade também. Em campo, não tem resolvido como se espera nos momentos mais importantes. Fora dele, quando não é um peça nula na hora de se posicionar, está do lado errado da história, sorrindo ao lado de quem não tá nem aí pro povo.

Sendo influente como é, formador de opinião, ele não tem escolha. Não tem como argumentar que não entende ou não quer se meter. Ele precisa fazer e falar. LeBron faz isso. Hamilton, seu amigo particular, faz também. Só pra citar alguns. Richarlison, seu companheiro de ataque na seleção, tá sempre se envolvendo e ajudando a quem precisa.
Não satisfeito em dividir o torcedor brasileiro, seja por sua antipatia natural e seus comportamentos duvidosos, ou por essa falta de engajamento social, ele ainda decidiu criticar quem estava declarando torcida pela Argentina. Óbvio que isso só aumentou a antipatia de quem já tinha e ainda provocou quem estava indiferente.

Em seu piti, ele finaliza com um ‘Vai pro KRL!’. Ora, Neymar. Vá você! Quer ter apoio incondicional e incontestável do torcedor brasileiro? Faça como Romário ou Ronaldo. Eles até podiam provocar, o primeiro mais do que o segundo, inclusive. Mas ele resolviam. Estavam muito menos preocupados com a imagem e chamavam a responsabilidade, dentro e fora de campo. Sim, outros tempos, claro. Mas só cabe a você se adaptar. Ou aprenda a lidar com essa divisão de opiniões.
E outra: você não via esses caras mandando o povo ‘pro krl’. Mesmo se fossem os críticos, até porque eram poucos (quando o assunto era seleção). E seus contemporâneos, jamais fariam isso. Seu ídolo e amigo, Messi, por exemplo, não é unanimidade entre seus compatriotas. Mas nem por isso os xinga. Ele, no máximo, dá a resposta em campo.
Voltando à Copa América, o cenário estava montado para que o brasileiro sensato estivesse o mais distante possível da seleção, coisa inimaginável até mais ou menos uns 20 anos atrás. Quem curte futebol e tem bom senso político e social, estava muito mais interessado na Eurocopa e talvez até mesmo no Campeonato Brasileiro (que dada a magnânima sabedoria dos velhos da CBF, não parou).
Entretanto, mesmo o Tite sendo ‘horroroso’, ele tem em suas mãos uma equipe que sobra na América do Sul. E assim, chegou até a final. Os deuses do futebol resolveram que essa história terminaria muito mais interessante se do outro lado estivesse a Argentina.
Em qualquer outro período da história, uma Final de Copa no Maracanã entre Brasil e Argentina seria um evento em que o mundo inteiro estaria olhando com muita atenção e empolgado. Ainda mais tendo Neymar de um lado e seu grande amigo Messi do outro. Este segundo, ainda em busca do seu primeiro troféu com a seleção nacional, mesmo aos 34 anos de idade. Segundo seus críticos (posso dizer haters?), a única coisa que falta na carreira e que faz toda a diferença entre ele e CR7.
E foi assim, diante de todo esse cenário, que muitos brasileiros resolveram torcer pra Argentina. Seja pelo puro prazer de torcer contra a seleção brasileira (o que pode significar ou não torcer contra o Brasil), ou por torcer a favor do Messi. Há ainda outras possibilidades, como simplesmente ter simpatia pelo futebol dos hermanos mesmo.
Mas como já disse, há alguns anos, isso seria impensável. Não apenas torcer contra o Brasil, mas, especialmente, a favor da Argentina.
Entendo que existam muitos torcedores ainda realmente apaixonados pela seleção e que não admitem essa “traição”. Porém, há muitos que se utilizam do argumento de que torcer contra a seleção é ser ‘anti patriota’. E mais absurdo: não se pode, em hipótese alguma, torcer pela Argentina em qualquer esporte. Eles são nossos inimigos, não somente adversários. Basta ver o faniquito do menino Ney e como isso repercutiu entre seu exército de apoiadores.

Confesso que eu estava até torcendo pro Brasil. Mas ficaria muito feliz com uma vitória da Argentina. Por todo o contexto, mas em especial para ver o Messi esfregar o troféu na cara dos críticos. Gosto muito do futebol do alienígena. Além de achar um cara muito maneiro.
Fora isso, desde mais ou menos 2016, fico de estômago embrulhado só de ver uma pessoa com a camisa amarela, imagina vestir. Me sinto sujo, sério mesmo. Eu até tenho uma preta (que aliás é linda!), mas além de estar com um rasgo enorme, o símbolo da CBF no peito dói. Quase arranha a pele.
Por fim, a Argentina venceu. Em pleno Maracanã. E o Brasil não jogou realmente muito bem. É bem verdade que não tem jogado como nos acostumamos a ver já a algum tempo. Mas era o que faltava pros jumentos pró-governo começassem a relinchar mais alto e forte, criticando mais ainda quem tava comemorando a vitória dos hermanos e berrando ‘fora Tite’.

‘Fora Tite’?! Tá, mas quem entra? Quem é treinador no Brasil que tem gabarito pra fazer a seleção jogar ‘como Brasil’? O queridinho deles era Renato Gaúcho, que segundo a mídia especializada estaria disposto a baixar a cabeça pra politicagem imposta (um absurdo moral e anti desportivo), havia acabado de assinar contrato com o Flamengo. E convenhamos, se fosse realmente bom ou estivesse e no seu melhor momento, a ponto de ser indicado para a seleção nacional, não teria saído do clube que comandou por vários anos seguidos, tendo ganhado títulos importantes (como jogador e treinador) e onde é tão ídolo que tem até estátua.
Não sei o que será da seleção. Talvez o próprio Tite não queira mais ficar, já deve ter ‘perdido o encanto’. Ou não queira se submeter às intromissões que certamente vão aparecer cada vez mais agora.
Mas eu sei que esse ‘torcedor’ pachequista vai continuar gritando e reclamando a cada novo jogo da seleção que ele ainda estiver por lá. E a maior prova de que isso não tem nada a ver com futebol e nem mesmo com patriotismo, é que esse ‘torcedor’ vai pedir que tragam um treinador estrangeiro. Qualquer coisa que tire o cara que não se sujeita ao seu político de estimação.
Que pese ainda o fato de que os números de Tite não são nada ruins, muito pelo contrário. É bem verdade que ele tem lá suas teimosias e escolhas duvidosas. Mas, sinceramente, qual treinador não tem? Difícil encontrar um que não se encaixe nisso, mesmo (especialmente) os mais vitoriosos.
JOGOS | VITÓRIAS | EMPATES | DERROTAS | APROVEITAMENTO |
---|---|---|---|---|
61 | 45 | 11 | 5 | 79,7% |
GOLS MARCADOS | GOLS SOFRIDOS | SALDO DE GOLS | JOGOS EM QUE SOFREU GOLS | JOGOS EM QUE NÃO SOFREU GOLS |
---|---|---|---|---|
127 | 22 | 105 | 19 | 41 |
Até quando se olha apenas para as poucas derrotas, elas seriam quase irrelevantes se vistas friamente e sem o contexto (Bélgica nas quartas da Copa do Mundo e essa agora para a Argentina na final).
DIA | JOGO | COMPETIÇÃO |
---|---|---|
10/07/2021 | ARGENTINA 1 X 0 BRASIL | COPA AMÉRICA |
16/11/2019 | BRASIL 0 X 1 ARGENTINA | AMISTOSO |
11/09/2019 | BRASIL 0 X 1 PERU | AMISTOSO |
06/07/2018 | BRASIL 1 X 2 BÉLGICA | COPA DO MUNDO 2018 |
09/06/2017 | BRASIL 0 X 1 ARGENTINA | AMISTOSO |
Eu quero ver o Brasil voltar a ser o que era quando eu era criança e adolescente. Quero mesmo. Não a nação, porque era uma bosta também. Falo do futebol mesmo. Agora que o Messi já ganhou ‘o que faltava’, quero que o Neymar também ganhe mais títulos com a seleção e seja o ídolo em campo que se espera que ele seja. Juro. E que ele, enfim, amadureça como ser humano e desenvolva consciência social.
Mas não ainda na próxima Copa. Que, aliás, é outra coisa toda errada. Mais politicagem e muito dinheiro envolvido, com pouca ou nenhuma preocupação desportiva e com os humanos. Denúncias de trabalho escravo ‘e o krl a 4’®. Que fique pra depois de 2022. Aliás, que esse se o ano da nossa virada. Que o Brasil (nação e seleção) volte seus olhos para quem realmente importa e se importa sem pedir nada além de dignidade e alegrias.
E quanto a todas essas outras coisas e pessoas que impedem o povo de ter essa dignidade e/ou alegrias, que ‘vá pro krl’ todo mundo.