Olá vcs tudo aí! =)
Meu último post foi um post que pedia uma continuação, e aqui vai ela.
Dizia eu, que quando pensei em escrever aquele último post, minha intenção era falar sobre o professor com o qual havia tido aula naquele dia, e sobre como esse cara despertava em mim a vontade de estudar e como isso acabava influenciando na minha vida. Ao começar a escrever esse, sinto que tudo que eu havia pensado a respeito é verdade mesmo. Afinal, hj tive novamente aula com o o professor, e saí da sala querendo escrever sobre o assunto.
Confesso que não me lembrava de todo teor desse último post, e qual era sua intenção inicial. Confesso também que não saberia continuá-lo da forma adequada se o tivesse tentado, tipo, ontem por exemplo. O que me motiva, é essa sensação que eu sinto ao sair da aula.
Diferentemente do que possa parecer, não estou apaixonado pelo profº, como bem observou meu caríssimo gay amigo Wallace nos comentários. (Até pq o bofe não faz meu tipo, querida! #alok). Mas há de se concordar que o que esse cara desperta em seus alunos é realmente uma paixão. Pelo conhcimento, pela formação de opinião própria, e por mais controverso que pareça: paixão pela racionalidade.
Esse prof, é o tipo que nos faz pensar, nos faz querermos fazer alguma coisa pra mudar as coisas…. Entende? E pra isso, ele tem um método muito interessante: usa a crítica e o choque. E de uma forma tão interessante que sua aula não se torna pesada, pelo contrário, normalmente é divertida.
O cara simplesmente sabe criticar tudo. Observe: eu disse sabe criticar, e não simplesmente ‘critica’. Ele tem uma opinião muito bem embasada sobre aquilo que fala. E ele fala de quase tudo. Por mais que você não concorde com alguma de suas opiniões, você (se for uma pessoa sensata) vai dizer ‘é… tem a ver… faz sentido… gostei do seu ponto de vista’. E ái vc percebe a genialidade da coisa: vc acabou de saber respeitar a opinião alheia, acabou de pensar em algo que possivelmente vc nunca tenha pensado antes, e se pensou, acabou de considerar sua opinião sobre tal coisa, e com isso, abriu uma nova possibilidade de argumento, para defender o seu próprio ponto de vista, ou ainda, mudar o mesmo, conforme esse novo angulo. Tá conseguindo acompanhar?
Cara, isso é muito foda! É um ótimo e essencial exercício pro cérebro. E indo mais além, um exercício social, de cidadania. Esse cara tá criando seres pensantes, críticos. E esse é um dos principais (se não O principal) papéis do profissional da educação.
Pra vc ter uma ideia do quão crítico esse cara é, uma aluna na aula passada o interrompeu (enquanto ele discorria sobre música, após ter passado [tão duramente quanto] por literatura e religião) e perguntou: ‘Professor, desculpa perguntar, mas tem alguma coisa que o senhor gosta?!?!’ Todos rimos, inclusive o professor, e após pensar sobre alguns segundos, ele respondeu: ‘Cara, eu gosto muito de Chico Science, acho ele genial. A mistura que ele fez de rock com maracatu, e logicamente suas letras bem trabalhadas e críticas, são um marco, são inovadoras e de ótima qualidade’ (lembro a todos que naquele momento ele falava especificamente sobre música). Mas o que me importa nesse trecho, é a pergunta de ‘tem algo q vc goste?’.
É um erro achar que por vc criticar algo, vc não gosta de nada. Assim como tb é um erro achar que por vc ter um gosto específico, somente o seu gosto é o correto. E vejam bem: isso vale pra QUALQUER COISA, seja música, religião, artes em geral, times de futebol, etc etc etc.
Percebem o nível da aula? Muito atraente, dinâmica e o mais importante: acrescenta realmente algo em nossas vidas, até porque disperta em nós a vontade de querer fazer com que essas coisas nos acrescentem algo em nossas vidas.
Hoje na aula teve mais uma, digamos, pérola desse professor, que contribuiu ainda mais pra minha admiração por ele (profissionalmente, e como ser humano, sem nenhuma bichisse envolvida, ok Wallace?). Ele disse que certa vez foi o professor homenageado numa formatura de uma turma de ensino médio. Diversos professores, coordenadores, e alguns alunos discursaram, aquela chatisse toda que vcs conhecem. Uma palhaçada na minha opinião (odeio formaturas, e cerimônias em geral como cssamentos, batismos, etc… Mas isso é assunto pra outro post, mantenhamos os foco). A maioria desses discursos começava com: ‘Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por nos permitir esse momento tão importante em nossas vidas e nos proporcionar atingir tal grau na sociedade blá blá blá pererê pão duro etc’. Esse meu professor, como homenageado da turma, e até mesmo por opção, foi o último a discursar. Ao chegar ao púlpito (é assim q se escreve?? Algué googla aí pra mim por favor) ele começou: ‘Gostaria de fazer diferente de meus companheiros, e discordar deles. Não agradeço a Deus por esse momento. [Olhos de pais, alunos e direção de arregalam, há uma pausa dramática] Seria uma grande injustiça delegar a ele tal coisa. Deus não é o culpado pelo ensino precário que o Governo oferece, e que nós professores repassamos aos nossos alunos. Ao invés de agradecer e comemorar, gostaria de pedir sinceras desculpas a todos vocês, especialmente aos meus alunos.’ E assim, diante de olhares incrédulos e uma cúpula furiosa da escola, ele transcorreu seu discurso ‘normalmente’. Ao fim, ao contrário dos outros professores, não foi aplaudido efusivamente. Digamos, que foi timidamente. Ao sentar e perceber o choque, e talvez alguma frustração nos olhares a sua frente, ele voltou ao ‘púplito’ e conluiu: ‘Só pra concluir gente, quero também agradecer MUITO por ter sido escolhido como professor homenageado, entre tantos outros professores que são mais populares e queridos. Isso é uma prova de que aingi meus alunos da forma como deve ser, e coloquei ideias em suas cabeças, e apesar de todos os problemas e precariedades, e em meio a tanta comemoração por nada, e ‘oba obas’, consegui cumprir razoavelmente meu papel. Muito obrigado e parabéns a todos!’ *(provavelmente as palavras do professor não foram exatemente essas, pq possivelmente nem ele lembra com exatidão, e tampouco eu poderia reproduzi-las perfeitamente após apenas ouvi-las uma vez, hj na sala… Mas certamente o teor, o contexto é bem esse, e a adptação ta bem fiel..)
Gente… tem como não gostar de uma pessoa assim? Como eu disse, se vc é sensato, é pensante, vc só pode admirar uma pessoa assim. Além de tudo, pela ousadia e coragem também.
E o resultado dessa paixão que esse professor passa é isso aqui ó. Esse post. Fazia tempo que meu cérebro não fervilhava assim e que eu não me sentia tão inspirado a escrever e assim, não praticava essa minha habilidade tão cheia de potencial. A escrita.
Cara… Quero ser assim quando crescer. (Porra Thiago, se tu crescer mais vira uma torre!!)
Quero ser esse professor que inspira os alunos. Que os faz pensar. Que os faz gostar de aprender, e assim, querer fazê-lo cada vez mais. Quero ser o ídolo de alguém, no sentido mais racional dessa palavra. Ídolo que faz os outros quererem ser tão bons quanto, ou melhores do que você. E é disso que se trata, de fato, a educação.
Até a próxima aula.