Ser cringe ou não ser?

Recentemente viralizou uma série de tweets onde rola um ‘conflito’ entre Millennials e Geração Z. Acontece que a mais nova geração resolver apontar hábitos, situações e gostos da sua predecessora que eles acham estranhas/constrangedoras, ou como eles mesmos dizem, que eles acham cringe.

Tudo começou com o tweet acima. A Tchulim levantou essa bola e conforme começou a receber replies a thread viralizou para todos os cantos da internet. Vou colocar o print de algumas das respostas ~mais polêmicas, mas também deixarei a thread quotada pra que vocês possam ler todas (se conseguirem, pois são muitas).

Vocês podem acompanhar aqui a thread

Pois bem. É claro que como millennial eu me senti um tantinho ofendido com algumas das pontuações. A propósito, pontuação é um dos itens que me ofende. Alguém ali diz que usar pontuação e letras maiúsculas na internet é cringe. Mas gente?! E ainda no âmbito linguístico, a própria escolha do vocábulo cringe me incomoda um pouco, afinal, trata-se de um verbo, não um adjetivo como você pode confirmar aqui. E cringe mesmo é a sensação que se tem ao assistir The Office, especialmente na primeira temporada como eu mesmo já disse.

Contudo, essa sensação de incômodo durou pouco. Talvez os memes gerados pela discussão tenham me feito levar isso tudo mais na brincadeira que deveria ser do que a sério. Primeiro que acho bem improvável que daqui 6 meses ainda estejamos falando disso. Quase certo que sequer estejam usando o termo ainda, pois sabemos como tudo anda efêmero na internet nesses dias.

Segundo e mais importante, que nós somos os cringe de hoje. Pra nós, são os boomers. Amanhã, os Geração Z serão os cringe da geração seguinte (Que aliás, vai se chamar como? Vão adotar o alfabeto grego? [UPDATE: na imagem abaixo adotam o alpha, então deve seguir mesmo pro alfabeto grego] Ou é Z porque é a última geração e acaba a história da civilização humana?!) Assim caminha a humanidade, já dizia o poeta.

Vai me dizer que quando você era mais jovem não ficava constrangido/irritado quando seu tio colocava Roberto Carlos ou Waldick Soriano no churrasco da família? E se pá, talvez hoje você até curta alguma coisa do Roberto. Se não, muito provavelmente do Tim Maia, que também achava ~brega ou coisa de velho.

Eu tiro por mim. No fim da adolescência e início dos 20 anos, não curtia café, achava cerveja horrível, simplesmente não conseguiria me divertir num ambiente tocando Raça Negra. Hoje já sei apreciar cerveja, tomo café puro, sem açucar (que aliás é o jeito certo de tomar) e prefiro mil vezes uma rodinha de amigos com Raça Negra do que muitos outros estilos. E mesmo assim não diria que sou fã de nenhum dos três itens, apenas mudei minha concepção e aprendi a apreciar.

Ainda sobre o Raça Negra e música em geral, eu acho horroroso trap e lo-fi. Chaaato… Não detesto, mas também não curto k-pop. Já faz anos que curto quase nada do que há no pop. Me diga que seus pais ou tios também não pensavam a mesma coisa do que você curtia quando era mais novo, ou mesmo do que curte hoje?

To be or not to e cringe?

É assim que funciona. O conflito de gerações sempre existiu e dificilmente vai deixar de existir. Não há porque se sentir ofendido por isso nem mesmo entrar em pânico por ‘estar velho’. Algumas coisas sempre vão assustar e podem ser discutidas de forma saudável (se é que isso ainda é possível). Assim como o heavy metal sempre foi assustador para os mais velhos (e mais novos) e algumas coisas são chatas para uns e divertidas para outros. Pois além de tudo isso, as pessoas são diferentes.

Portanto, abrace sua cringisse (ué, se é pra usar a palavra de forma errada, vamos fundo nisso). E se puder, aprenda um pouco sobre os hábitos e gostos da geração atual. Seja para criticar com propriedade, para reconhecer que talvez você esteja mesmo errado sobre alguma coisa, ou até mesmo como oportunidade de conectar com eles, para entender melhor e até tirar proveito comercial. O que não vale é querer ser o que não é. Não dá pra bancar o Z sendo Millennial. Você já viu um boomer tentando se passar por nós? Muito cringe.

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